|
|
GALENO
( 130 – 200 d.C.)
Nasceu em Pérgamo, Ásia Menor, em 130.
Estudou gramática, retórica, lógica e filosofia até os 16 anos, quando
seu interesse pela Medicina foi despertado. Fez seus estudos médicos
em Pérgamo (hoje, Bergama – Turquia) e, mais tarde, em Esmirna (Izmir
– Turquia), Fenícia, Grécia e Alexandria no Egito.
Em 157, de volta a Pérgamo, foi designado médico dos gladiadores.
Graças às violentas atividades de seus clientes adquiriu grandes conhecimentos
de anatomia humana ao vivo e obteve enorme experiência no tratamento
cirúrgico de fraturas e ferimentos graves.
Em 162/164 estabeleceu-se em Roma e desfrutou de certo renome entre
as classes abastadas, mas retornou a Pérgamo pouco depois, em 166,
possivelmente para escapar de uma epidemia de “peste”.
Voltou a Roma em 169 e logo se tornou o médico preferido da corte
imperial. Teve, entre seus clientes, diversos senadores e os imperadores
Marco Aurélio (121/180), Cômodo (162/192) e Septímio Severo (145/211).
Foi nessa época que desenvolveu a maior parte de sua atividade profissional
e científica, escreveu a maior parte de sua obra e fez suas famosas
conferências públicas sobre anatomia e fisiologia.
Os estudos experimentais de Galeno foram pioneiros e verdadeiramente
revolucionários para a época. Suas descobertas de anatomia e fisiologia,
como por exemplo a descrição dos nervos sensoriais e motores, são
importantes até hoje.
Dissecava regularmente animais como porcos, bodes e macacos-de-Gibraltar,
e fazia também diversas experiências; extrapolava então suas descobertas
para os seres humanos. Acabou cometendo, é claro, diversos erros,
mas fez muitas descobertas fundamentais.
Desenvolveu um sistema médico radicalmente contrário a Hipócrates,
porque enquanto este aplicava o método indireto, ou seja, corrigia
o todo para curar a parte e só usava o sistema alopático em casos
de emergência; Galeno combatia as doenças por meio de substâncias
ou compostos que se opunham diretamente aos sinais e sintomas das
enfermidades. Este é o método direto, em que as atenções do médico
estão voltadas para apenas a região ou para a função prejudicada pela
doença. Foi precursor da alopatia.
Medicina Criou
uma escola médica e inaugurou nova fase na medicina, seus postulados
não tinham a mesma riqueza filosófica de Hipócrates, mas seu método
chamava a atenção pelo aspecto prático e imediato dos resultados.
A primeira coisa que recomendava aos médicos era o conhecimento profundo
da Anatomia, depois da Filosofia. Deviam aprender também a fazer um
exame minucioso do paciente, levando em conta todos os sintomas por
ordem de importância, antes de estabelecer o diagnóstico e receitar
tratamento.
Descreveu detalhadamente: os ossos do crânio, espinha dorsal e importância
da medula espinhal para os movimentos, o sistema muscular (com músculos
que nunca haviam sido descritos antes), gânglios nervosos e as válvulas
do coração.
Foi o primeiro a supor que o ar que respiramos é também o elemento
ativo de combustão, explicando o mecanismo de respiração. Distinguiu
a pleurisia da pneumonia, descreveu o sistema nervoso simpático, o
aneurisma, o câncer, a tísica, julgando esta última de infecciosa.
Embora mais empírica que cientificamente, Galeno ainda procurou definir
as funções fisiológicas relacionadas com a digestão, nutrição e o
crescimento. Descobriu que a voz era controlada pelo cérebro, que
as artérias transportam sangue, as diferenças estruturais entre veias
e artérias e demonstrou que a urina é segregada pelos rins.
Galeno era monoteísta e sua visão sobre o corpo humano era a de uma
criação divina em que cada elemento anatômico fora planejado por Deus
da maneira mais perfeita possível para cumprir sua função. Por esta
razão sua obra foi muito valorizada ao mesmo tempo pelos hebreus,
cristãos e muçulmanos durante a Idade Média e permaneceu dogmática
e intocável até a Renascença.
A autoridade de sua obra era tamanha que, quando a observação direta
contrariava seus escritos, os fatos observados eram desconsiderados…
A doutrina médica estabelecida por Galeno, coerente e completa, formaria
o arcabouço do conhecimento médico durante os 1.500 anos seguintes.
Farmácia Galeno
escreveu bastante sobre farmácia e medicamentos, e em suas obras se
encontraram cerca de quatro centenas e meia de referências a fármacos.
Do ponto de vista farmacêutico, a grande linha de força do galenismo
foi à transformação da patologia humoral numa teoria racional e sistemática,
em relação à qual se tornava necessário classificar os medicamentos.
Assim, tendo em vista utilizar os medicamentos que tivessem propriedades
opostas às da causa da doença, Galeno classificou-os em três grandes
grupos, segundo um critério fisiopatológico humoral: o primeiro grupo
incluía os simplicia, aqueles que possuíam apenas uma das quatro qualidades:
seco, úmido, quente ou frio; o segundo grupo era o dos composita,
quando possuíam mais do que uma e por fim o terceiro grupo incluía
os que atuavam segundo um efeito específico inerente à própria substância
como os purgantes, os vomitivos e outros.
A aplicação dos medicamentos na terapêutica galenica dependia de vários
fatores, como a personalidade do doente, a sua idade, a raça e o clima,
que afetavam a própria natureza da mistura (krasis) dos humores no
corpo humano. Sua terapêutica tinha principalmente a ver com o tipo
de medicamento ministrado, com as suas propriedades (qualidades) e
respectiva intensidade, na medida em que a dose não seria tão importante,
dado que a propriedade do medicamento era um atributo essencialmente
qualitativo e não quantitativo.
Galeno elaborou uma lista de remédios vegetais, conhecidos como “galênicos”,
a maioria dos quais era composta com vinho. Observador e metódico,
classificou e usou magistralmente as ervas. Fazia preparações denominadas
“teriagas” feitas com vinho e ervas. Escreveu um tratado denominado
“De antidotos” sobre o assunto, no qual existem considerações perfeitas
sobre os vinhos, tanto italianos como gregos, bebidos em Roma nessa
época: como deveriam ser analisados, guardados e envelhecidos.
Foi na forma de galenismo que a Medicina greco-romana passou para
o Ocidente cristão, dominando a Medicina e a Farmácia até ao Século
XVII e mantendo ainda uma grande influência mesmo no século XVIII.
Galeno contribuiu para a ciência médica mais do que qualquer outro
homem e sua filosofia médica ainda persiste e constitui a base filosófica
da medicina atual. |
|
|
|